terça-feira, 31 de maio de 2011

Vinculação e Socialização – Crianças felizes (saudáveis e autónomas)

Resumo – Esta reflexão pretende demonstrar de uma forma muito simples a relação directa e estreita entre o processo de socialização e o processo de vinculação.

O objectivo de qualquer família é que o bebé, que acabou de nascer, se torne mais tarde, numa criança e depois um adulto feliz.

Para que este grande objectivo se cumpra é preciso tomar especial atenção a estes 2 processos de desenvolvimento do indivíduo.


“A energia que o homem e a mulher dedicam à produção de bens materiais aparece quantificada em todos os índices económicos. A energia que um homem e uma mulher dedicam à produção, na sua própria casa, de filhos felizes, saudáveis e seguros de si mesmos, não contam para nada. Criámos um mundo ao contrário.”

J. Bowlby, 1998


O processo de Vinculação e Socialização estão unidos através de uma relação directa, quase como se estivessem unidos para um objectivo comum.

Ora vejamos, embora a socialização seja um processo que decorre ao longo da vida, é através deste processo que a pessoa que cuida da criança, lhe ensina o comportamento que deverá ter na sociedade e cultura em que nasceu, o objectivo é claro aprender a viver segundo as normas da sociedade em que está inserido e ser autónomo.

O processo de vinculação está estreitamente ligado à individuação e autonomia do indivíduo pois é este que dá à criança a segurança para explorar o mundo exterior.

Quando a criança nasce tem a necessidade primária de se relacionar afectivamente com quem a cuida, aqui o processo de vinculação é extremamente importante para que a criança se desenvolva sentindo-se confiante, segura e protegida, mas à medida que cresce necessita criar a sua própria individualidade, para que não se confunda com a pessoa a quem está vinculado. É nesta fase, em que a criança se vai tornando mais autónoma que começa o processo de socialização, todos os pais querem que os filhos sejam autónomos e que se integrem e identifiquem com a sociedade em que vivem.

Então temos o processo de socialização e individuação a caminharem lado a lado, tendo por base a vinculação.

“É o sentimento de segurança e de confiança no Outro que estimula a criança a ter comportamentos de exploração do meio que a cerca, a afastar-se das figuras de vinculação e a iniciar o processo de separação-individuação.” (Tavares, J., Pereira, A., Gomes, A., Monteiro, S. e Gomes, A. (2007: texto 5:6). São sem dúvida as pessoas a quem a criança está vinculada (família) e que lhe dão esta segurança e confiança, que também lhes transmitem os saberes de base (socialização primária), os hábitos alimentares, a higiene e as normas de comportamento.

No entanto não é apenas na família que a socialização primária se dá, as creches, jardins-de-infância, a escola e até a televisão também são agentes de socialização essenciais para promover a autonomia do indivíduo.

A criança estabelece um vínculo com cada adulto das várias instituições que poderá frequentar, é esta relação e o facto de olhar para o adulto como modelo que vai promover o seu desenvolvimento saudável e a sua aprendizagem, bem como a sua integração na sociedade em que está inserido.

Actualmente, as crianças estão mais tempo na escola, salas de estudo e ATL’s, do que em casa com a família, a responsabilidade no que diz respeito à socialização da criança, aumentou para todos os profissionais da educação, assim como o vínculo com a criança. Cada vez mais a relação de proximidade da criança com o professor/educador aumenta. É claro que por esta altura a criança vai gradualmente alargando o vinculo com a família e caminhando cada vez mais para a autonomia.

Embora Bowlby, nos diga no excerto com que iniciei esta reflexão que “criámos um mundo ao contrário”, e o mundo até poderá estar mesmo ao contrário, os processos estão muito bem definidos e se forem cumpridos os objectivos de cada um, vinculação (relação com o cuidador onde o bebé/criança se sente confiante, seguro e protegido), socialização (processo de apreensão, por parte da criança de normas de comportamentos, em sociedade) chegaremos saudavelmente à autonomia.

Teremos assim crianças amadas, confiantes, seguras, integradas na sociedade, enfim… felizes e autónomas!


Palavras chave: Vinculação

Individuação

Socialização

Autonomia

Socialização primária

Sociedade

Integração

Aprendizagem

Desenvolvimento

Bibliografia:

Tavares, J., Pereira, A., Gomes, A., Monteiro, S. e Gomes, A. (2007). Manual de Psicologia do Desenvolvimento e Aprendizagem. Porto: Porto Editora.

Webgrafia:

http://pt.scribd.com/doc/18649428/O-processo-de-socializacao

http://pt.wikipedia.org/wiki/Socializa%C3%A7%C3%A3o

http://pt.shvoong.com/social-sciences/psychology/1797717-vincula%C3%A7%C3%A3o/

http://www.infopedia.pt/$vinculacao

http://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/3696/1/Vincula%C3%A7%C3%A3o%20materna%20Contributo%20para.pdf

quinta-feira, 21 de abril de 2011

“Acrescer” – o processo de aprender e crescer ao longo da vida

a) Destinatários:

20 Crianças e jovens dos 10 aos 14 anos.

b) Duração:

A sessão terá a duração de 1:30 h.

c) Objectivos:

Desafiar o grupo a sentir e reflectir sobre o processo de aprender e crescer.

d) Recursos:

· Papel e canetas

· Sala ampla

· Cadeiras

e) Metodologia:

Interrogativa e activa.

f) Sequência

  • Dividir o grupo em 4
  • Dar a cada grupo uma situação vivida durante a infância, adolescência, idade adulta e depois dos 60, devem representa-la para os colegas que vão adivinhar.
  • Descobrir através de um enigma a palavra aprender.
  • Depois com todo o grupo fazer uma reflexão sobre cada situação representada e desafiar o grupo a responder às questões em que idade se aprende? Como aprendemos? Em que idade é mais importante aprender? Será que os adultos aprendem? Será que se aprende ao longo da vida? O que aprender tem a ver com crescer?
  • Chegar a uma conclusão com a ajuda do grupo e concluir a sessão.

Henri Wallon

Henri Wallon nasceu em França no dia 15 de Junho de 1879 e morreu em 1962. Dedicou-se inicialmente à filosofia e medicina, e só depois à Psicologia do Desenvolvimento.

Durante a sua vida participou na 1ª guerra mundial como médico, foi político (marxista), médico em instituições psiquiátricas, ocupou altos cargos no mundo universitário e esteve na frente de inúmeras pesquisas.

Nas pesquisas que desenvolveu chegou à conclusão que o ser humano é um todo e quando falamos de desenvolvimento não podemos separar o desenvolvimento afectivo, do motor e do cognitivo.

Wallon defende que não se pode dissociar o aspecto biológico do social, que se tem que estudar a criança no contexto social em que está integrada.

Propõe assim 5 estágios de Desenvolvimento:

- Estágio impulsivo-emocional – Durante o primeiro ano de vida, é predominantemente afectivo, a criança interage com o meio através de emoções.

- Estágio sensório-motor e projectivo – dos 3 meses até ao 3º ano de vida, neste estágio predominam dois tipos de inteligência, a prática, adquirida com a exploração dos objectos e o próprio corpo, e a discursiva adquirida pela imitação e apropriação da linguagem.

- Estágio do personalismo – dos 3 aos 6 anos de idade, é durante este estágio que se forma e personalidade e auto-consciência do indivíduo.

- Estágio categorial – entre os seis e os onze anos – neste estádio a inteligência predomina sobre as emoções.

- Estágio da adolescência – depois dos onze anos – caracteriza-se por o adolescente desenvolver uma série de conflitos internos e externos em busca da auto-afirmação e desenvolvimento da sexualidade.




Bibliografia:

Tavares et al. (2007). Manual de Psicologia do Desenvolvimento e Aprendizagem. Porto: Porto Editora.

Matta, I. (2001. Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem. Lisboa: Universidade Aberta

Sites consultados:

http://www.notapositiva.com/trab_professores/textos_apoio/psicologia/psicdesenvcontrteoricas.htm

http://pt.wikipedia.org/wiki/Henri_Paul_Hyacinthe_Wallon